
Falemos então de igualdade... a verdadeira.
Conceito divisor de sociedades e pessoas desde os primórdios da humanidade, a 'Igualdade' revela-se um conceito acentuadamente abstracto.
Pergunto: o que é a igualdade? Responde o dicionário (na acepção que nos interessa): princípio de organização social segundo o qual todos os indivíduos devem ter os mesmos direitos, deveres, privilégios e oportunidades. Ora, esta definição, para mim, tem muito que se lhe diga. Os direitos e as oportunidades não podem ser todos iguais para todas as pessoas, isto é, devemos tratar por igual os iguais e diferente os diferentes. A raça humana é caracterizada, essencialmente, e para além da racionalidade, pelo pluralismo, a todos os níveis. Ora, se somos diferentes, defender a igualdade absoluta é estar a estancar uma das maiores características humanas (a diferença). Vêem para aí esses intelectuais iluminados e donos da razão defender a igualdade absoluta entre os homens, não se apercebendo da contradição em que caem.
Exemplo: a minha escola tem algumas pessoas em cadeira de rodas. Logo, diferentes de mim, certo? Se o arquitecto do edifício fosse um desses 'iluminados' igualitaristas descabidos, teria considerado que todos são iguais a ele (igualdade absoluta) e, portanto, não haveria uma rampa feita especialmente para as pessoas em cadeira de rodas. Acho que me fiz entender. Exactamente por eu, ou o arquitecto, sermos diferentes dos indivíduos portadores de deficiência motora, que estes últimos têm de ser tratados de forma diferente, porque são diferentes, merecem condições especiais.
A igualdade absoluta é, indubitavelmente, a maior desigualdade do mundo, pois não prevê as diferenças humanas (lógico, não).
Uma cara colega de turma fez, então e após a minha simples (acho) intervenção, a seguinte pergunta: "então, se tratas de forma diferente os diferentes de ti, discriminas os negros!?" (o argumento é sempre o mesmo). Respondo: "Não. Não sou eu que acho que a cor da pele é uma diferença, isso foste tu quem disse. Afinal, aqui a racista não sou eu!".
Torna-se, sim, necessário, definir parâmetros que delimitem as diferenças consideráveis, para que se possam adaptar e dar as condições diferentes. Não falem de igualdade sem antes perceberem o que ela é, na verdade.
A igualdade está na diferença...