domingo, novembro 19, 2006

Tenho medo do escuro...




Estás tão perto e tão distante. Procuro-te por entre os lençois mas não te vejo, dou voltas e voltas e não te alcanço. Acabo por te encontrar nas minhas memórias, memórias que jamais esquecerei pois tudo em ti é tão perfeito e tão esbelto que te tornas inesquecível.
Lembro de quando te conheci, de quando tive teu corpo no meu, de todos os beijos e de todas as palavras, enfim não consigo esquecer nada onde estejas tu presente.
As mulheres têm o dom de tornar invisivel quem e quando querem, foi precisamente o que fizeste comigo, por mais movimentos que fizesse, mais que fosse a minha arte de contorcionista, nunca me olharias porque nunca reparaste em mim. E por isso te segui até ter certeza que me tinhas "visto". E foi aí que te invadi. Foi aí que eu sei que tiveste a certeza que era o começo da tua felicidade. E foi assim, daquele momento único e singular sob as primeiras chuvas de Outono que nasceu a sintonia entre nós, que nos tornámos um só. Guardei-te dentro de mim, aprisionei-te em mim para nunca mais te deixar.

Tenho medo do escuro, preciso da luz dos teus olhos...

Amo-te muito

quarta-feira, novembro 15, 2006

Que diferença faz?




O meu amor por ti tornou-se incontido. Transbordou das veias e das artérias para a pele e da pele para os olhos, até ficar preso em todos os sentidos que me levam até ti: tocar-te, ver-te, ouvir-te, falar-te, cheirar-te, respirar-te. Encontrei-te como quem encontra a gratidão de uma empatia. Era uma ilusão, a tua ilusão cifrada, de que toda a conjugação de factores se resolve no prazer. O prazer do teu corpo no meu é de tal maneira perfeito que se não te soubesse de carne e osso, com existência comprovada, julgaria teu prazer também ilusório. Acordei com a luz dos teus olhos, luz que acende a certeza dos teus vestígios no meu interior. Tens de partir. Não temos nem mais um segundo. Nem tu nem eu sabemos como as coisas serão. Mas no fundo ambos sentimos que para viver em plenitude temos de arrumar o supérfluo nos confins da memória. No sótão da avó cabe tudo. Nada se perde no tempo. As coisas ficam apenas com um ar de miragem triste. A mim está-me reservado o direito de ser o teu Absoluto.

Tu não estás aqui, é um facto, mas que diferença faz?

("A distância é a certeza de que te amo ainda mais...")

sexta-feira, novembro 03, 2006

Cais



A mágoa leva-me ao meu eterno refúgio...o cais.

É precisamente por não ser um sítio sossegado que gosto de lá estar. Há sempre barcos a partir e a chegar, pessoas a passar na correria das horas. Gosto acima de tudo de me abstrair do tempo. O som das águas do rio são um apelo para esquecer o tempo.
Vejo imesas vidas desfilar diante de mim e deixo-me ficar ali a desfiar e a reviver memórias, contemplando essas mesmas vidas e "medindo a temperatura dos seus sonhos". É um mundo de sentidos.
Dizem que se pensa melhor em silêncio...é um facto. Pensa-se mais ordenadamente. Fico ali comigo mesma..."a necessidade da solidão não se explica pelas leis universais do tempo". Partilho-a com estranhos. Pessoas que se sentam junto a mim, que fixam o mesmo ponto que eu...que não perguntam nada, que não querem saber o que vai no meu coração...não trocamos sequer uma palavra.

("Would you know my name if you saw me in heaven? Would you be the same if I saw you in heaven?")